FREUD
FREUD (01) – PULSÃO DE VIDA, PULSÃO DE MORTE E INCONSCIENTE
A teoria de Sigmund Freud, a psicanálise, teve um impacto enorme na forma como entendemos a mente humana e, claro, na educação. Nesse primeiro vídeo, vamos conhecer os conceitos básicos da psicanálise como consciente, inconsciente, pré-consciente, pulsão de vida e pulsão de morte.
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O que significa Pulsão para Freud
O que significa Pulsão? O termo foi introduzido nas traduções das obras de Freud para fazer distinção do termo Instinto. Nas literaturas de Freud é encontrado os dois termos sendo que cada um deles possui um significado diferente.
Desmistificando o que significa Pulsão para Freud
Quando Freud fala em Instinto (Instinkt), ele se refere ao comportamento animal, hereditário, característico da espécie. Já o termo Pulsão (Trieb) coloca em evidência a impulsão. Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal (estado de tensão); o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte pulsional; é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir sua meta.
Pulsão – Processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética) que faz o indivíduo tender para um objetivo. (Laplanche e Pontalis – Vocabulário de Psicanálise – pg. 394).
Costuma-se referir ao conceito de pulsão (Trieb) como aquele que designa o limite entre o somático e o psíquico, um conceito-limite ou conceito fronteiriço que, por alguns aspectos, assemelhar-se-ia à noção de instinto (Instinkt), mas, que, por outros, distinguir-se-ia radicalmente deste.
A semelhança estaria na idéia de tendência ou ímpeto a agir, isto é, genericamente falando, ambos os termos se prestariam a expressar uma necessidade que compele o organismo em direção a alguma ação na realidade. (Fractal, Rev. Psicol. vol.23 no.2 Rio de Janeiro May/Aug. 2011).
O que significa Pulsão para Freud
Freud, em sua definição, constata que a Pulsão como um conceito-limite entre o psíquico e o somático é um dos significados do conceito de pulsão, ou seja, significado mais amplo e superficial. Além do conceito-limite ou conceito fronteiriço que apresenta a pulsão como aquilo que marca os contornos do campo psíquico investigado pela psicanálise frente ao somático, há outros dois significados de nível mais profundo e específico.
A pulsão é também definida como: Pulsão como representante psíquico dos estímulos corporais – a pulsão como representante psíquico (psychischer Repräsentant) dos estímulos que provém do interior do corpo e Pulsão como medida da exigência de trabalho imposta ao psíquico – a medida da exigência de trabalho imposta ao psíquico em conseqüência de sua relação com o corporal.
Freud apresenta as pulsões com dualidade. O primeiro dualismo encontrado, segundo ele, é o das pulsões sexuais e das pulsões do ego ou de autoconservação. Ao longo do tempo esses conceitos foram se modificando e se classificando entre pulsão de vida (Eros) e pulsão de morte (Thanatos).
O que significa Pulsão de Vida e de Morte
Pulsões de Vida se classificam como uma grande categoria de pulsões que Freud se utiliza para contrapor, em sua última teoria, às Pulsões de Morte. As pulsões de vida tendem a constituir unidades cada vez maiores e a mantê-las.
O termo “Eros” foi usado para classificar as Pulsões de Vida. Eros é uma palavra que vem do latim, Éros, e seu significado expressa o amor, o desejo e atração sensual. Eros é o deus do amor na mitologia grega.
O termo erótico é derivado de eros. Marcuse discute em seu livro “Eros e Civilização” (1966), sobre o termo Eros como pulsão de vida, que é aguçada pela libido do indivíduo, através do anseio pela civilização, e a convivência coletiva. Para Marcuse, segundo uma análise freudiana, Eros é a pulsão libidinal, que motiva o indivíduo a vida. (Oliveira, L. G. Revista Labirinto – Ano X, nº 14 – dezembro de 2010).
Pulsões de Morte e Thanatos
Já as Pulsões de Morte voltadas inicialmente para o interior e tendendo à autodestruição, as pulsões de morte seriam secundariamente voltadas para o exterior, manifestando-se então sob a forma de pulsão de agressão ou de destruição. Tendem para a redução completa das tensões, isto é, tendem a reconduzir o ser vivo ao estado anorgânico.
O termo “Thanatos” foi usado para classificar as Pulsões de Morte. Na mitologia grega, Thanatos (Thánatos, uma palavra que vem do grego) era a personificação da morte. A pulsão de morte, na qual Freud se refere, é a morte simbólica, a morte social; uma pulsão que leva o indivíduo à loucura, ao suicídio, ou seja, uma morte simbólica ou material perante a sociedade.(Oliveira, L. G. Revista Labirinto – Ano X, nº 14 – dezembro de 2010).
A hipótese das Pulsões de Morte, para Freud, serviram para explicar os fenômenos relacionados à compulsão à repetição e também para afirmar a dualidade das pulsões, sendo elas as pulsões de vida e as pulsões de morte.
Considerações finais
Segundo Freud, o indivíduo possui latente dentro de si a pulsão de vida e a pulsão de morte. A pulsão de vida faz com que o indivíduo sinta necessidade de satisfazer suas vontades, de buscar o prazer e de satisfazer a libido, mas, para o indivíduo que vive em sociedade, sua libido se concretiza através do instinto organizado.
O instinto organizado é a consciência social implantada no indivíduo para viver coletivamente (ou seja, a ação do Ego sobre o Id, conforme a 2ª tópica Freudiana*) *Nota: O Id, na 2ª tópica Freudiana, é denominado inconsciente, é o depósito das energias psíquicas. O ego procura substituir o princípio de prazer que reina sem restrições no Id pelo princípio de realidade.
No ego, a percepção exerce um papel que no Id é o instinto, assim o ego representa a razão. O ego tem origem no inconsciente, sua função é agir como mediador entre as pulsões do Id.
O presente artigo foi escrito por Alana Carvalho, estudante de Psicanálise Clínica. Trabalha como terapeuta Reikiana (Espaço Reikiano Alana Carvalho). Cursa Psicanálise e está expandindo seus horizontes e ajudando com o processo de autoconhecimento acima de tudo.
FREUD
FREUD (02) – ESTRUTURA DA PERSONALIDADE
(ID, EGO, SUPEREGO)
Nesse vídeo, descrevemos a teoria estrutural da personalidade desenvolvida por Freud, ou seja, o que são id, ego e superego e como esses elementos interagem entre si para organizar a pisque. Descrevemos, ainda, o processo gerador da ansiedade e o que são os mecanismos utilizados pelo ego para se proteger desse sentimento.
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Id, Ego e Superego:
Três Partes da Mente Humana
Assim como existe, de acordo com a linha freudiana da psicanálise, uma divisão topográfica da mente entre os níveis consciente, pré-consciente e inconsciente, essa mesma linha da psicanálise identifica outra distinção da mente humana. Essa segunda divisão se daria entre Id, Ego e Superego.
Como coloca a teoria estrutural da mente, o Id, Ego e Superego podem transitar, até certo ponto, entre os níveis mentais que citamos acima. Ou seja, não são elementos estáticos ou estruturas completamente rígidas.
Você já ouviu falar sobre essas instâncias psíquicas da mente? Não? Então continue a leitura e descubra agora tudo sobre essas três partes de nossa mente!
ID
O Id é um elemento psicológico de nossa mente. Nele, ficam armazenadas nossas pulsões, nossa energia psíquica, nossos impulsos mais primitivos. Guiado pelo princípio de prazer, não há para o Id nenhuma regra a ser seguida: tudo o que interessa é a vazão do desejo, a ação, a expressão, a satisfação.
O Id fica localizado no nível Inconsciente do cérebro, e não reconhece elementos sociais. Portanto, não há certo ou errado. Não há tempo ou espaço. Não importam as consequências. O Id é o ambiente dos impulsos sexuais. Ele está sempre buscando formas de realizar esses impulsos, ou seja, não aceita ser frustrado.
EGO
O Ego seria, para Freud, o elemento principal entre Id, Ego e Superego. Ele é a nossa instância psíquica e evolui a partir do Id, por isso, possui elementos do Inconsciente. Apesar disso, funciona principalmente a nível Consciente.
Guiado pelo princípio de realidade, uma de suas funções é limitar o Id quando considerar seus desejos inadequados para determinado momento ou ocasião. O Ego representa a mediação entre as exigências do Id, as limitações do Superego e a sociedade.
Em última instância, a partir de um certo ponto da infância , na maioria das vezes, será o Ego que tomará a decisão final. Uma pessoa que não possua o Ego bem desenvolvido, não poderia desenvolver também o Superego. Sendo assim, seria guiada exclusivamente por seus impulsos primitivos, ou seja, pelo Id.
SUPEREGO
O Superego, por sua vez, é consciente e inconsciente. Ele é desenvolvido ainda na infância, a partir do Ego, no momento em que a criança passa a entender os ensinamentos passados pelos pais, escola, entre outros.
Ele é o aspecto social do trio Id, Ego e Superego. Resulta, em grande parte, das imposições e castigos sofridos na infância. Ele se encontra e participa desses dois níveis mentais. O Superego é a censura, a culpa e o medo da punição. Pode ser visto como uma instância reguladora. A moral, a ética, a noção de certo e errado e todas as imposições sociais se internalizam no Superego.
Ele se posiciona contra o Id, pois representa o que há de civilizado, de cultural em nós, em detrimento dos impulsos arcaicos. Enquanto para o Id não existe certo ou errado, para o Superego não existe um meio termo entre certo e errado. Ou seja, se você não está fazendo a coisa certa automaticamente estará errado.
Trabalhando em conjunto
Com o desenvolvimento da personalidade, o Id, o Ego e o Superego, já estão todos presentes em nossa mente. Ocorre então, em muitas ocasiões, uma “batalha”. O Id e o Superego tentam em vários momentos assumir o controle da situação. Tendo em vista que os dois representam desejos e impulsos completamente opostos, o Ego começa a trabalhar.
O Ego mantém o equilíbrio entre esses dois lados tão distintos. Como uma espécie de balança mediadora, ele avalia as vontades do Id e do Superego, para chegar, muitas vezes, a um meio termo.
Assim, nós nos mantemos na vida em sociedade, sem nos comportarmos como um “animal irracional”, mas também, sem “pensar demais sobre tudo”. Ou seja, mesmo quando nos comprometemos a não comer um doce, por exemplo, por vezes, nos damos esse pequeno prazer, por saber que irá nos ajudar psicológicamente.
Exemplo
Imagine que você esteja em um bar. Chegou às 19 horas e já é meia-noite. Amanhã você entra às oito horas da manhã no trabalho, e já bebeu cervejas o suficiente para relaxar. Os amigos propõem mais uma e você para e pensa. Nessa situação, aconteceria o seguinte:
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O Id diria: Fica aí, só mais uma, ainda dá para dormir bastante e uma ressaca nunca matou ninguém.
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O Superego, por sua vez, diria algo como: Nem pensar! Você já bebeu mais do que o suficiente, não vai trabalhar bem amanhã e seu chefe vai perceber. Você sabe que ele já não gosta muito de você. E é segunda-feira!
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O Ego então tomaria uma decisão conciliadora dizendo: Bom, por que você não pega uma garrafa de água e vai descansar? Pensando bem, você já está até com sono, e é bom não dar motivos para o chefe nesses tempos de crise. Sabe como você fica estranho de ressaca.
É dessa forma que podemos perceber a presença dessas três instâncias psíquicas em nosso dia a dia. São como vozes dentro de nossa própria cabeça, quase sempre discordantes, aconselhando nossas ações e tomadas de decisão.
FREUD
FREUD (03) – ANSIEDADE E MECANISMOS DE DEFESA DO EGO
Existe uma tensão, como vimos, entre as pulsões que o id deseja realizar e as limitações impostas pela realidade externa. Esse conflito pode gerar ansiedade, a sensação de perigo iminente. Para se proteger da ansiedade, o ego gera mecanismos de defesa. Nesse vídeo, trataremos dos seguintes mecanismos: projeção, formação reativa, racionalização, negação, isolamento, deslocamento, regressão, sublimação e recalque (repressão).
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Os mecanismos de defesa do Ego
Os mecanismos de defesa do Ego são as formas que a mente usa para se proteger.
Segundo Freud, esse mecanismo é a operação pelo qual o Ego tira da consciência as coisas indesejáveis, protegendo o aparelho psíquico. Ele é orientado pelo princípio da realidade.
Conhecendo os mecanismos de defesa do ego
Os mecanismos de defesa vão possibilitar à pessoa uma relação com o mundo, garantindo sua sobrevivência psíquica. Alguns mecanismos de defesa são: Recalcamento ou repressão, negação, Renegação ou recusa, Regressão, Conversão orgânica, Projeção, Deslocamento, Racionalização, Formação Reativa e Sublimação.
O Recalcamento ou Repressão é uma defesa contra as ideias incompatíveis com o Eu. As idéias ou impulsos indesejáveis para a consciência são reprimidos por ela e impedidos de entrar no estado consciente. Ele afasta determinada coisa do consciente, mantendo a distância. É uma forma de negação fora da consciência. Negação é quando se nega a realidade exterior e a substitui por outra que não existe, afim de evitar sofrimento, proteção da autoestima, satisfação de desejos ou por comportamento.
De uma forma inconsciente a pessoa não quer tomar conhecimento de um fato, pensamento ou sentimento. Na Renegação ocorre o rompimento parcial com a realidade. A pessoa não nega a existência da verdade, diferente do mecanismo da negação. Na negação o psicótico rompe totalmente com a realidade, enquanto na Renegação existe um rompimento parcial relacionado à perversão.
A regressão e os mecanismos de defesa do ego
A Regressão é o responsável por fazer o Ego retornar a um ponto anterior no desenvolvimento. Surge assim um ponto de fixação em uma determinada fase de desenvolvimento, fazendo com que a pessoa volte ao seu estado primitivo ou infantil de acordo com o ponto de referência.
Na Conversão orgânica os conflitos psíquicos ou trauma somatizam, levando a descarga dessa pulsão reprimida. É a transposição de um conflito e uma tentativa de resolução, convertida em uma queixa física. A projeção é quando você projeta no outro aquilo que está dentro de você e você não se dá conta, aí no senso comum tem aquilo que a gente fala: “O bom julgador julga a si mesmo.”
Todo mundo desconfiado, mentiroso, achando que todo mundo é mentiroso também, isso é um mecanismo de defesa. Ele protege o nosso ego do sofrimento de entrar em contato com quem nós realmente somos. você pode estar falando dos outros mas pode ser que esteja falando de você mesmo e nem percebe, então a projeção é projetar em outras pessoas sentimentos negativos sobre si mesmo.
O deslocamento
O Deslocamento é uma variante da Projeção. O inconsciente transfere uma reação emocional de um objeto ou pessoa para outro objeto ou pessoa, virando alvo de descargas. Esses mecanismos são maneiras que o indivíduo terá de se defender de conteúdos que o afetam emocionalmente, então ele utiliza para não entrar em contato com isso.
Na racionalização o indivíduo utiliza um raciocínio lógico para conseguir explicar atitudes e ações. Ele utiliza um raciocínio lógico para tornar coerente aquilo que não tem coerência. Quando uma pessoa tem alguma atitude que prejudica a outra pessoa, e para justificar o que ela fez ela diz que aquela pessoa foi merecedora da atitude e encontra várias justificativas para explicar isso.
Ao longo da história da humanidade a gente encontra vários exemplos de onde coisas que não seriam justificáveis ou aceitáveis foram feitas e foram justificadas dentro de um contexto religioso.
Os mecanismos de defesa do ego e a racionalização
A racionalização acaba sendo uma maneira do indivíduo proteger a sua auto-estima e não reconhecer os próprios erros. Ela impede o auto conhecimento, impede o contato com as verdadeiras causas que o levaram a tomar aquela decisão ou atitude, então o indivíduo acaba não reconhecendo qual foi o pensamento, qual foi o sentimento e não consegue se dar conta.
Não consegue tomar consciência de qual foi o motivo real, então ela é muito prejudicial ao amadurecimento. Na Formação reativa os sentimentos ou comportamentos são os opostos ao real desejo. A pessoa tem atitudes opostas ao que foi recalcado, utilizando um comportamento excessivo.
Como por exemplo uma pessoa homossexual agindo como uma pessoa heterossexual promíscua. É um mecanismo que leva a um pensamento contrário ao que foi recalcado, e se mantém como conteúdo inconsciente. As formações reativas podem alterar a estrutura da personalidade, mantendo o indivíduo em alerta como se estivesse sempre em perigo ou sob ataque.
Considerações finais
Na sublimação o indivíduo transforma algum desejo ou pulsões destrutivas em algo socialmente aceitável pela sociedade. Ele transforma algo destrutivo em algo criativo culturalmente ou intelectualmente. A energia é transformada pelo Ego em obra artística ou atividade de utilidade social.
Na sublimação o indivíduo transforma a angústia ou algo negativo em algo produtivo, com valor social positivo. Esses mecanismos de defesa são estratégias do Ego para proteger a personalidade contra as possíveis ameaças. São subterfúgios criados para proteger a pessoa de prováveis dores, situações e decepções.
Eles estão mais presentes do que a gente possa imaginar, protegendo o indivíduo de agressões externas ou de si próprio, mantendo a integridade da sua personalidade.
O presente artigo foi escrito por Thaís de Souza
FREUD
FREUD (04) – COMPLEXO DE ÉDIPO E FASES PSICOSSEXUAIS
Freud percebeu que, ao longo do desenvolvimento físico e mental, as pessoas passam por fases psíquicas que ele chamou de fases psicossexuais: fase oral, fase anal, fase fálica (na qual se desenvolve o complexo de Édipo), período de latência e fase genital. Nesse vídeo, as diferentes etapas são descritas.
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Desenvolvimento Psicossexual: conceito e fases
Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, há uma regra no que diz respeito a como a personalidade se forma nos seres humanos. Em seus estudos, esse desenvolvimento estaria ligado aos estágios psicossexuais, e como a criança passou por cada um deles. Trata-se da teoria do Desenvolvimento Psicossexual.
Visto que o sexo é visto como tabu em muitas comunidades, as propostas de Freud foram alvo de polêmicas e controvérsias. Contudo, uma coisa é certa: seus levantamentos abriram portas para muitos estudiosos desenvolverem novas e úteis teorias. Assim, foi e é possível compreender de maneira mais global a psicanálise.
Nesse contexto, conheça mais sobre desenvolvimento psicossexual, um dos estudos mais marcantes da psicanálise.
Fases do desenvolvimento psicossexual
Para Freud, essas fases são de extrema importância para o desenvolvimento da personalidade. Passar por todas de maneira natural, respeitando-as, contribuirá para o desenvolvimento de um adulto psicologicamente saudável.
Fase oral – 0 meses a 1 ano
A primeira fase é representada pela boca, que seria uma zona erógena. Após o nascimento, esta é uma área que recebe muita atenção do bebê. Assim sendo, o ato da sucção e de se alimentar traz prazer para a criança. Por essa razão, ela está constantemente buscando estimulação oral.
Por conta dos cuidados que possui nessa fase, o bebê também descobre nela os sentimentos de conforto e proteção.
Fase anal do desenvolvimento psicossexual – 1 a 3 anos
A estimulação passa da boca para o ato de controlar necessidades fisiológicas na fase anal. No entanto, apesar de a fase ser chamada assim, o ato de controlar a micção também causa estimulação. Os sentimentos desenvolvidos são de independência, uma vez que a criança vai se tornando capaz de obter controle sobre aspectos corporais que não tinham antes.
Dessa forma, essa habilidade deve ser estimulada pelos pais, que precisam ter cuidado para não reprimir os erros. Assim, deve-se sempre focar nos acertos, nas vezes em que a criança se saiu bem. Essa é uma maneira positiva de reforçar a experiência.
Fase fálica do desenvolvimento psicossexual – 3 a 6 anos
Aqui as crianças começam a perceber as diferenças entre homem e mulher. Também é esta a fase em que se observa um outro aspecto da famosa teoria freudiana: o Complexo de Édipo.
De acordo com Freud, o menino começa a ter uma rivalidade com o pai nesta idade. assim, desejaria substituí-lo na relação com a mãe. Ao mesmo tempo, teme a punição no caso de o pai descobrir que ele está querendo substituí-lo.
No caso das meninas, Freud diz que há uma inveja do pênis, teoria tida como contraditória. Nessa fase, as meninas se sentiriam ressentidas por não terem um pênis. Assim sendo, sentiriam-se “castradas” e ansiosas por não terem nascido como um homem.
Fase de latência do desenvolvimento psicossexual – 6 anos até puberdade
O foco desse período não são as zonas erógenas, mas sim o desenvolvimento social, criação de laços e convivência em sociedade. Assim, há uma repressão na energia sexual, que continua a existir, porém deixa de ser um foco.
Nesse contexto, ficar preso nessa fase pode fazer com que o adulto não saiba se relacionar de forma satisfatória com outras pessoas.
Fase genital do desenvolvimento psicossexual – Da puberdade até o fim da vida
Antes, os interesses eram pessoais. A criança não sentia necessidade de se relacionar sexualmente com outros. Nessa fase, surge a vontade de querer se relacionar sexualmente com outras pessoas.
Assim, se o individuo passou por todas as fases de forma adequada, chegará na última sabendo ter equilíbrio em diversas áreas da vida.
O que significa dizer que uma pessoa está fixada em uma fase sexual?
Por vezes, em psicanálise costuma-se associar os problemas, transtornos ou dilemas das pessoas adultas a uma fase do desenvolvimento sexual infantil.
Por exemplo:
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um adulto que fuma/bebe em excesso poderia estar fixado na fase oral, por ser uma fase do desenvolvimento em que a criança sente prazer na sucção;
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um adulto muito controlador ou que tenha dificuldade em desapegar-se estaria fixado na fase anal, por ser uma fase em que a criança descobre que consegue reter as fezes e isso lhe possibilita prazer e descoberta do controle sobre o tempo e o seu corpo.
Pode ser que ocorra algum evento traumático ou uma sequência de fatos turbulentos em uma fase e isso “fixe” uma pessoa a essa fase. Porém, às vezes é complicado este apontamento, por serem memórias de uma idade que é de difícil recuperação (e de fácil “invenção”), ou por poder ser uma interpretação exagerada do analista.
Nada impede uma pessoa de demonstrar traços relacionados a mais de uma fase, por exemplo, uma pessoa pode ser fumante compulsiva e ser controladora ao mesmo tempo.
A forma de compreender a fixação é diferente de um psicanalista para outro. Faz parte o analista buscar este tipo de contraponto, mas, no nosso ver, o mais interessante seria partir dos incômodos e relatos do analisando e evitar dizer para o analisando algo do tipo “você está preso à fase oral do desenvolvimento”. Afinal, isso seria um rótulo um tanto pesado e possivelmente reducionista.
O analista pode trabalhar esses traços como sendo traços de personalidade e trabalhar isso com o analisando durante as sessões, sem necessariamente buscar um evento único ou uma série de eventos que se liguem a determinada fase.
Controvérsias
Se hoje falar de sexualidade na infância já assusta à tantas pessoas, imagina décadas atrás? Foi no final do século XIX que Freud divulgou seus estudos, contrapondo a visão da sociedade de que a criança é um ser “puro” e “inocente”, totalmente assexuadas.
Portanto, fica evidente que Freud causou grande espanto. Contudo, conseguiu abrir espaço para desenvolver esse campo de estudo nos anos seguintes. Por ser o primeiro, alguns pontos foram contestados por outros pesquisadores. No entanto, o desenvolvimento de uma teoria por seguidores não é nenhum surpresa. É um encaminhamento óbvio da ciência.
A inveja do pênis
O filósofo Foucault questionava as evidências nas quais outros filósofos se baseavam em suas teorias. Um desses questionamentos são aplicados a Freud. Assim, com base em que evidência ele poderia dizer que a inveja do pênis existe? Essa evidência seria real?
Esse filósofo questionava muito sobre a construção do saber e esse questionamento foi aplicado a Freud. Uma de suas perguntas a respeito tinha relação com a formulação da inveja do pênis. Não seria, na época, uma manutenção dos discursos de poder?
De acordo com o teórico, a verdade e o poder estão interligados. Assim, quem está no poder, detém a verdade e destrói evidências contrárias. Freud estava em um sistema social em que o poder era patriarcal. Visto que a maioria dos estudiosos, profissionais, pesquisadores e políticos eram homens, as evidências de Freud não eram o suficiente para convencer todos os seus seguidores e sucessores.
Conceitos de masculino e feminino
A semiótica é uma ciência que também nos faz questionar sobre a construção do que é masculino e feminino. A sociedade está se desenvolvendo há muitos anos, e, com ela, conceitos foram formulados do que significa masculinidade e feminilidade.
De acordo com Freud, em uma das fases o individuo começa a desenvolver sua identidade sexual, expressando traços de feminilidade ou masculinidade. Contudo, até que ponto isso é instintivo do ser humano? E até que ponto as crianças estão reproduzindo os significados que aprenderam sobre masculinidade e feminilidade?
Ao nascer, o sexo biológico já determina um conjunto de significados. A começar pela cor, que diferencia o gênero do bebê. As brincadeiras também são determinantes para ensinar esses conceitos. Por isso, muitos questionaram esse aspecto, já que não se pode dizer que essa expressão de masculinidade e feminilidade é algo natural e intrínseco. Existe interferência social.
Sexualidade humana
Muito se fala sobre esse tema e a preocupação dos pais com “conteúdos impróprios” para suas crianças. Porém, sexualidade é algo impossível de desvincular de nossa vida. A energia sexual, chamada de libido, é uma força motora para todos os seres humanos.
Ela está conectada com um instinto básico, que é o de reprodução e propagação da espécie. Assim como a fome que nos faz ter necessidade de comer, ou como o nosso estado de alerta em situação de perigo, a energia sexual está presente no nosso dia.
Através dela, decidimos o que vestir, como comer, nos motivamos a cuidar da aparência, nos comunicamos com outras pessoas e muito mais. Dessa forma, é preciso ter em mente que falar de energia sexual não é, necessariamente, falar do ato sexual ou até mesmo de atração sexual consciente.
Fixação
Segundo Freud, quando a criança passa por uma das fases e possui questões não resolvidas, ela desenvolve uma fixação. Assim sendo, pode acabar sofrendo por um problema de personalidade.
Na primeira fase, por exemplo, se a criança continua sendo amamentada quando deveria estar aprendendo a se tornar mais independente na segunda fase, alguns problemas podem decorrer. Nesse contexto, ela pode se tornar uma adulta dependente. Por outro lado, também pode desenvolver vícios relacionados a bebida, fumo e comida.
A fixação é algo que pode persistir na vida adulta. Assim, se não for resolvida, continuará “travada” em alguns aspectos. Um exemplo claro é o das mulheres, que muitas vezes têm relações sexuais sem conseguir atingir orgasmos.
Nesse contexto, fica claro que se crianças em geral são consideradas assexuadas, as meninas são mais ainda. Certos comportamentos aceitáveis para meninos são condenáveis em grau maior para meninas. Não é a toa que muitas se sentem tão reprimidas que são adultas com problemas de relacionamento. Trata-se de um problema social que atinge o psicológico e a vida íntima de milhares de mulheres.
A importância da educação sexual
Existem certas coisas que crianças não estão preparadas para saber. No entanto, de acordo com a Psicanálise, há também fases que devem ser respeitadas. Assim, as crianças deveriam aprender sobre o mundo conforme as fases em que estão.
Nesse contexto, vale lembrar que educação sexual ajuda a criança a formar uma personalidade saudável. Dessa forma, poderá lidar bem com seu próprio corpo e com as outras pessoas também. Assim, ensina que certos lugares precisam de limites e não podem ser tocados por estranhos. Agindo desta maneira, é possível estimular a criança a se desenvolver de forma saudável e até mesmo garantir que ela se livre de situações abusivas.
Vemos, portanto, que educar uma criança sexualmente não significa que ela aprendeu o que é sexo. Ao transitar de uma fase para a outra, ela, por conta própria, descobrirá o que é uma sensação boa ou não. Reprimir essa descoberta pode causar problemas de segurança e autoconfiança, por exemplo. Em casos graves, até mesmo transtornos mentais.
Assim sendo, é importante ressaltar a importância de que pais, professores e pessoas próximas à criança tenham noção do que está acontecendo com ela. Isso, no entanto, só pode ser feito a partir de uma profissionalização em Psicanálise.
FREUD
FREUD (05) – NEUROSE E PSICOSE
Nesse vídeo, diferenciamos e caracterizamos neuroses e psicoses procurando sempre manter a consistência com a concepção freudiana dessas manifestações. São abordadas a neurose histérica, neurose obsessiva, neurose fóbica, neurose atual, além dos três grandes grupos de psicoses: paranoia, esquizofrenia e transtornos do humor.
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Neurose e Psicose: Conceito e Diferenças
O que são neurose e psicose? Quais as diferenças e aproximações? Neste breve resumo, vamos conhecer a perspectiva da psicanálise sobre neurose e psicose, desde a contribuição de Freud.
De um modo geral, a psicose se diferencia da neurose por apresentar-se com mais intensidade e também por ser incapacitante. Historicamente, a psicose também foi denominada de loucura.
Ainda hoje, em termos jurídicos, por exemplo, a psicose é reconhecida como um transtorno mental grave, que impede que os indivíduos possam gerir seus próprios negócios.
A diferenciação entre a psicose e a neurose não é unânime entre os terapeutas psicanalistas. Para alguns, trata-se apenas de diferenças de intensidade dos sintomas, para outro tanto, há diferenças fundamentais ente as psicoses e as neuroses.
Conceito de Psicose
A perda do controle voluntário dos pensamentos, emoções e impulsos é a principal característica da psicose. O comportamento psicótico apresenta dificuldades de traçar diferenciação entre a realidade e a experiência subjetiva. Neste caso, fantasias e realidade se confundem, podendo a realidade ser substituída por delírios e alucinações.
Neste tipo de psicopatologia, ocorre uma aceitação do estado psicótico por parte do paciente. Embora possa não entender que exista algo de errado com ele. A capacidade de relacionamento emocional e social do individuo é afetada, ocorrendo uma marcante desorganização da personalidade.
Nos últimos anos, uma grande quantidade de estudos buscam identificar relações entre a ocorrência da psicose e outros fatores, como idade, sexo e ocupação. A princípio, ficou demonstrado que há uma grande variação de idade em relação à manifestação da psicose (acometendo pessoas de diversas idades).
Além disso, as manifestações psicóticas podem ser verificadas em todos os tipos de ocupações, sem uma ocorrência específica em uma determinada área. Também é comum encontrar manifestações psicóticas em todos os grupos étnicos e raciais. Sendo que as manifestações psicóticas ocorrem duas vezes mais em pessoas que vivem em áreas urbanas que pessoas que vivem em áreas rurais.
Conceito de Neurose
Com relação às neuroses, tem que esta psicopatologia não se manifesta por meio de uma ruptura com a realidade. Estados neuróticos incluem fobias, obsessões e compulsões, alguma depressão e amnésia. Para um grupo importante de psicanalistas, a neurose pode ser identificada como:
-
a) um conflito interno entre os impulsos do Id e medos gerais do superego;
-
b) a presença de impulsos sexuais;
-
c) a incapacidade do ego através da influência racional e lógico para ajudar a pessoa a superar o conflito e
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d) a manifestação da ansiedade neurótica.
Nem todos os analistas, como destacado corroboram estas afirmações. Alguns seguidores de Sigmund Freud tornaram-se dissidentes dos seus ensinamentos devido à importância atribuída aos fatores sexuais.
Outras Atribuições para o surgimento da Neurose
Alfred Adler, por exemplo, defendeu que as neuroses surgem a partir de sentimentos de inferioridade. Tais sentimentos surgiriam na infância, quando as crianças apresentam baixa estatura ou incapacidade de se defender.
Também é comum que médicos encontrem explicações bioquímicas para a ocorrência das neuroses. Pesquisas recentes demonstram que os medicamentos barbitúricos possam estar associados à produção de substâncias inibidoras das atividades do cérebro.
Atualmente, o termo neurose não é mais utilizado para designar este tipo de psicopatologia. Para a identificação destes transtornos, são utilizados por exemplo termos como Transtornos de ansiedade. Estre grupo de doenças, define os estados de apreensão, o temor da incerteza com relação a uma situação real ou não. Dentre os sintomas mais comuns, destacam-se a falta de ar, palpitações, batimentos cardíaco acelerado, sudorese e tremores.
Transtornos Neuróticos de Ansiedade
Em linhas gerais, passemos a ver as subdivisões deste grupo de transtornos:
Fobias
Dentre as fobias, a mais comum é a agorafobia, que é comumente expressa como um temor de sair de casa. Este tipo é o mais comum entre pessoas que buscam tratamento. Também podem ser observados os tipos denominados de fobia social e fobia simples, representado um um medo persistente e irracional.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo TOC
O TOC é a sigla para Transtorno Obsessivo-Compulsivo. As obsessões mais comuns se concentram em torno da violência. Também é comum que os obsessivos-compulsivos desenvolvam o hábito de contagem (contar etapas, eventos, figuras, papel de parede), de lavar as mãos ou de tocar objetos (todos os móveis em uma sala ou todos os itens de um armário).
Geralmente, adultos obsessivos-compulsivos tentam resistir a estes sintomas, compreendendo o quão pouco sentido apresentam.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático TEPT
O TEPT ou Transtorno de Estresse Pós-Traumático geralmente manifesta-se como o efeito tardio de algum evento traumático. Quando estes sintomas persistem, conclui-se tratar de estresse pós-traumático, um transtorno comum entre os veteranos de guerra e entre sobreviventes de sequestro ou de desastres naturais.
Transtorno de Ansiedade Generalizada TAG
A TAG ou Transtorno de Ansiedade Generalizada é um tipo de ansiedade persistente, que mantém-se ao longo de um mês, por exemplo. Dentre os sintomas mais comuns estão a instabilidade, medo, sudorese, boca seca, insônia, falta de atenção.
Conclusão
Para finalizar, podemos então dizer a neurose a a psicose apesar de serem duas condições que se oriundam da mente, possuem suas diferenças. Porém, ambas necessitam de tratamentos.
O mais importante a destacar com relação às neuroses e psicoses é que o sofrimento é real e, não raro, exigem o suporte de uma psicoterapia para dar suporte ao paciente, ajudando-o a ter uma vida o mais normal possível.
Autor: Dermeval Barbosa de Souza Filho
FREUD
FREUD (06) – TRANSFERÊNCIA E EDUCAÇÃO
A neurose de transferência faz parte do nosso cotidiano. Boa parte de nossos relacionamentos envolve algum nível de transferência. Ao longo da vida, as pessoas transferem seus afetos vividos na infância para outras figuras que passam a ser depositárias desses afetos. É um processo inconsciente de repetição de formas de se relacionar com as pessoas, e ela pode ter um papel importante na educação.
Fonte dos vídeos: https://www.youtube.com/@didatics
Freud e a Educação: psicanálise aplicada ao ensino-aprendizagem
Neste trabalho, desenvolveremos a relação entre Freud e a educação. Vamos estudar o conceito de educação aplicado sobre a ótica da psicanálise. Tal conceito que se expressa de forma análoga a outras pedagogias.
Freud como educador não teceu uma nova abordagem sobre metodologia pedagógica para o ensino, mas sim desenvolveu a psicanálise como uma ética para uma possível prática pedagógica.
Freud e a educação
Tal questão se faz atual, mas não se trata de psicanalisar alunos dentro da sala de aula e sim de usar a psicanálise como instrumento pedagógico para reflexão sobre atuação do professor na sala de aula. Tal trabalho é uma referência instrucional sobre a obra de Maria Cristina Kupfer: Freud e a educação: O mestre do impossível. Pretendo aqui fazer um apanhado das principais teses da autora e de sua obra como um todo.
Situando Freud como educador
Sigmund Freud nasceu em Freiburg pequena cidade da Morávia na antiga Áustria, hoje situada na República Checa, no ano de 1856, aos 4 anos de idade se mudou para Viena onde passou a maior parte de sua vida, desde pequeno demonstrou habilidades consideráveis a uma grande genialidade precoce. Sua educação foi muito rígida sob auspícios de se tornar uma grande pessoa em sua época. Tal desejo prefigurado a educação de Freud por seus pais o fizeram ser uma alma muito exigente desde sua infância lendo os grandes clássicos de sua época como Goethe, Shakespeare entre outros grandes literatos de sua época.
Ao frequentar a universidade escolheu a medicina como profissão passando por diversos mestres e trabalhos para manter seu sustento como estudante. Entre seus grandes mestres destaca-se Jean-Martin Charcot (1825-1893) onde pode com o mesmo se inserir na clínica das histerias e aprender a hipnose e Josef Breuer (1842-1925) o qual foi precursor do método psicanalítico. Freud para continuar seu trabalho teve de abandonar seus mestres tal como o rompimento com Breuer a respeito da sua tese de que existiria para Freud uma sexualidade na infância.
Freud teve um longo percurso de estudos até o ponto que chegou à conclusão que teria de se tornar mestre de si mesmo ao desenvolver a psicanálise. O mesmo era considerado um mestre rígido e autoritário por muitos, mas esse foi o preço para manter o desenvolvimento da psicanálise. Teve muitos colaboradores no desenvolvimento da psicanálise tal como: Wilhelm Fliess (1858-1928) e Oskar Pfister (1873-1956) mas por vezes era resistente demasiadamente com seus discípulos em vista de não distorcer seus ensinamentos. Freud ao final de sua carreira sob perseguição do nazismo se mudou para a Inglaterra em 1939 onde viveu seu último ano de vida vindo a falecer devido ao seu câncer de boca que desenvolveu durante o tempo.
Freud e a educação: ideias
Freud desenvolveu suas ideias primordiais com Breuer na obra estudos sobre a histeria (1895) ali ficando marcado seu trato com pacientes histéricas (tal nome associado a uma doença do deslocamento do útero) teve pacientes tais como Lucy R. onde a mesma tinha crises de caráter olfativo dado ao odor de charutos e que a mesma crise em verdade se desencadeou pela mesma ser reprimida por seu patrão o qual ela mesma achava-se correspondida (O mesmo fumava charutos perto dela). O núcleo da repressão sexual foi associado às obras de Freud bem cedo tal ideia trazia que todos os fenômenos ligados às patologias mentais eram ligados a um núcleo de ideias formados através da repressão sexual de suas pacientes, tal ideia traz a concepção de que a educação de época de Freud era muito rígida no sentido de boicotar as manifestações sexuais existentes em todos, Freud mesmo via essa educação como ineficiente e prejudicial por desenvolver demasiadamente as neuroses.
Mais tarde em seu trabalho ele percebe que a repressão também seria útil pois a civilização dependeria delas para seu desenvolvimento. A repressão seria fator importante para não formar crianças perversas ausentes de leis e de moral, vendo assim o mesmo preferia um equilíbrio entre a repressão e sua ausência para formar o eu do indivíduo. Dentre as doenças a serem analisadas a histeria foi a privilegiada de Freud que junto com Breuer escreveram um livro juntos: estudos sobre a histeria, nesse a histeria é identificada a partir do recalcamento de ideias (de um trauma) que possuem energia libidinal dentro da psique sendo deslocada para o inconsciente mas mesmo assim não parando de se manifestar através dos sintomas da patologia da histeria que incluía desde paralisia de membros, alucinações, cegueira, vômitos etc.
Diferente dos outros médicos, Freud não estava tão preocupado com a doença em si mas sim com suas origens. Freud discorda de Breuer a ponto de perder sua amizade de que as ideias que eram deslocadas eram de origem sexual um grande choque para toda a medicina da época. Freud acreditava que a repressão dessas ideias se dava pelo fato de que vivia numa época de grande repressão das ideias sexuais. Tal repressão que se dava a moral da época vitoriana de seu tempo. Ideias de impedir práticas sexuais antes do casamento.
Freud e a educação da era vitoriana
A educação da era vitoriana para Freud era a responsável por todos esses complexos mentais aos quais tinha de lidar na sua clínica. Ele assim se vê entre um paradigma pois toda repressão era necessária também para o pleno funcionamento da civilização. De alunos neuróticos com a repressão demasiada poder-se-ia ter alunos perversos onde a moral civilizatória não ocuparia algum lugar. Freud percebe que deve existir um meio termo para a repressão escolar. Freud identificou um fenômeno chamado de pulsões e entre elas as pulsões parciais que as formam.
Tais pulsões são relativas as perversões encontradas na infância que após passarem pelo crivo da moral e dos costumes civilizatórios são deslocadas e investidas de força libidinal destinada às fases de desenvolvimento psicossexual. As parciais início são investidas de caráter perverso onde no caráter oral marcada pela sucção, anal são manipuladas as fezes, a escópica onde olhar para o sexo do outro como voyer, fálica onde a masturbação predomina, todas essas mais tarde constituem o que Freud denomina de pulsão sexual. Freud identificou que as pulsões poderiam ser manipuladas e desviadas para outros focos como na educação.
Tal fenômeno se denominaria de sublimação, nessa encontramos o deslocamento de utilidade de cada pulsão tal como a escópica que se transformaria em vontade de conhecer. A sublimação seria a passagem de algo sexual para outro não sexual tal como o uso da argila para evitar a manipulação das fezes na fase anal. Freud dizia ser a educação uma atividade impossível, pois deve o educador promover atividades inconscientes sendo essas impossíveis, assim o educador pode ter de se lembrar de como era quando criança mas devido a seus recalques já esqueceu de como era ser criança, deve este também promover a sublimação mas sabe-se que isso é uma tarefa impossível.
Os pós Freudianos e a educação
O inconsciente para Freud é resultado da luta entre forças psíquicas, está entre o eu e forças inconscientes. O Eu é o responsável por lidar com o Supereu (superego) e do ID e com o princípio da realidade. Através do inconsciente, ou seja, da parte oculta de nossa psique Freud pode determinar sintomas como os atos falhos que demonstram que não somos donos de nossa consciência e que por vezes ela se expressa sem a nossa permissão.
Existem 3 tentativas de se formular uma pedagogia unida a psicanálise. As primeiras tentativas foram de Oskar Pfister e Hans Zulliger (1893-1965) que praticamente psicanalisavam seus alunos. Pfister era pastor protestante e tentou unir a ação do efeito do psicanalisar alunos de sua instituição com a moral religiosa de seu tempo. Esse criou uma chamada pedoanalise, nesse procedimento seus alunos de sua paróquia eram analisados e enaltecidos com os bons princípios da moral cristã como guia para suas vidas. Hans Zullinger incorporou o uso da psicanálise com seus alunos na escola onde era professor.
Leu bem as obras de Freud e fazia análise, livrou muitos alunos de diversos sintomas e também proibiu castigos severos que de nada adiantavam na educação dos jovens, entre esses o de colocar um infrator numa sala escura sem nada, isso para Zulliger somente reforçava o desejo de infligir regras. As outras tentativas foram de Anna Freud (1895-1982) e de Melanie Klein (1882-1960) de que se poderia educar os pais através da análise para que esses soubessem lidar com os problemas de seus filhos, mas tal tentativa tinha seus problemas ao exemplo do complexo de édipo onde um pai bem esclarecido a respeito poderia se tornar muito rígido ou mesmo ficar sem reação se seus traumas anteriores possam ter feito ter problemas ao passar por tal fase de desenvolvimento.
A autoridade do analista
Ambas autoras se ocuparam com problemas relacionados à educação mas visto que Anna Freud também como Pfister queria submeter a criança a autoridade do analista a fazendo entender que estava doente e que necessitava de ajuda, já Melanie Klein se dedica a uma clínica infantil se debruçando sobre os fenômenos relacionados às fantasias infantis e o ato de brincar como ponte para análise.
Ambas autoras não se dedicam a uma pedagogia da psicanálise mas ao endereçamento dos pais e professores para ajudar eliminar as neuroses dos alunos problema na escola. Catherine Millot é uma autora contemporânea que se dedica a como seria uma pedagogia psicanalítica.
Ela destaca que uma relação de análise com alunos seria algo impossível de realizar pelos professores já que não lhes cabe esse papel. A educação e a psicanálise permitem-se a sua coexistência quando a psicanálise é uma ferramenta para perceber-se as relações existentes entre inconscientes de alunos e professores.
A transferência e a relação com a educação na psicanálise
O conceito de transferência inicialmente para Freud foi elaborado no livro a interpretação dos sonhos onde o mesmo se referia a um processo de onde se transfere restos diurnos (eventos cotidianos do dia) para o sonho os elaborando sobre outras camadas dando significado e formas distintas da experiência original. Um exemplo claro seria de um homem que sonha com uma mulher toda vestida de branco sob uma imensidão de luz branca, nesse sonho o sonhador se refere a uma antiga namorada chamada Branca.
O conceito de transferência na obra freudiana recebe um imenso valor dado que esta é talvez o mais importante para que se ocorra a análise. Na análise o conceito se dá de forma que o desejo incumbido a uma pessoa se transfere para outra, se dá de forma que uma pessoa do passado é revista na pessoa do analista criando uma imagem virtual do mesmo. É muito comum em análises ocorrer o fenômeno de transferência erótica onde todo o desejo de amar e ser amado se transfere para a figura do analista. O conceito de transferência pode também ser aplicado no que diz respeito à educação onde o desejo de saber do aluno(a) se transfere para o professor(a).
É muito comum professores marcarem nossa vida de uma forma que escolhemos quem vamos ser em nosso futuro. O acontecimento de um aluno gostar de uma matéria como filosofia inspirado na figura de um mestre pode fazer com que o mesmo procure cursar filosofia na faculdade. Esse desejo de transferência porventura é dado de modo inconsciente de modo que o aluno o tenha e que não se necessite que o mestre saiba de sua existência sendo a única importância é de o mestre estar na sua posição de transferidor do saber.
Conclusão: sobre Freud e a educação
É importante acrescentar a nossa breve aventura sobre a obra de Maria Cristina Kupfer que a tarefa do professor em sala de aula sob os auspícios da psicanálise se faz distinta da maioria do que as pedagogias pregam. A autora teve a pretensão de que de uma forma universal o professor pudesse se embasar na existência da psicanálise e dessa fazer uso dentro da sala de aula divergindo do que seria um setting analítico, tal sentido nos faz questionar qual afinal seria a função do professor sobre uma pedagogia psicanalítica? Tal figura de mestre dotado de tantos saberes psicanalíticos os poderia utilizar de que forma?
A figura de mestre embasado nos saberes psicanalíticos é uma persona distinta dos outros pedagogos pois este embasado na teoria freudiana do inconsciente agora sabe que seus alunos ocupam um lugar bem diferente e que ele mesmo professor tem seu lugar de desejo do saber. Todo professor implicado nessa ética psicanalítica sabe que existe um desejo de saber de seus alunos e sabe que o inconsciente do mesmo é uma lugar indomável e que age por conta própria, assim o professor orientado psicanaliticamente sabe que todo saber que ele transfere vai ser manipulado e transformado conforme o inconsciente de cada aluno operar.
Tal posição de mestre o faz aniquilar-se a si mesmo ao tentar obrigar a seus alunos a saberem um determinado conteúdo de forma rígida e singular e sim abre espaço para que seus alunos possam ter suas próprias interpretações.
Referências bibliográficas
KUPFER, MARIA CRISTINA. Freud e a educação: O mestre do impossível. São Paulo: Editora Scipione, 1992.
Este artigo sobre Freud e a Educação foi escrito por JOSÉ ROBERTO ZANETTI SAMPAIO.
SIGMUND FREUD
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