Fonte dos vídeos: https://www.youtube.com/@didatics
Freud percebeu que, ao longo do desenvolvimento físico e mental, as pessoas passam por fases psíquicas que ele chamou de fases psicossexuais: fase oral, fase anal, fase fálica (na qual se desenvolve o complexo de Édipo), período de latência e fase genital. Nesse vídeo, as diferentes etapas são descritas.
Desenvolvimento Psicossexual: conceito e fases
Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, há uma regra no que diz respeito a como a personalidade se forma nos seres humanos. Em seus estudos, esse desenvolvimento estaria ligado aos estágios psicossexuais, e como a criança passou por cada um deles. Trata-se da teoria do Desenvolvimento Psicossexual.
Visto que o sexo é visto como tabu em muitas comunidades, as propostas de Freud foram alvo de polêmicas e controvérsias. Contudo, uma coisa é certa: seus levantamentos abriram portas para muitos estudiosos desenvolverem novas e úteis teorias. Assim, foi e é possível compreender de maneira mais global a psicanálise.
Nesse contexto, conheça mais sobre desenvolvimento psicossexual, um dos estudos mais marcantes da psicanálise.
Fases do desenvolvimento psicossexual
Para Freud, essas fases são de extrema importância para o desenvolvimento da personalidade. Passar por todas de maneira natural, respeitando-as, contribuirá para o desenvolvimento de um adulto psicologicamente saudável.
Fase oral – 0 meses a 1 ano
A primeira fase é representada pela boca, que seria uma zona erógena. Após o nascimento, esta é uma área que recebe muita atenção do bebê. Assim sendo, o ato da sucção e de se alimentar traz prazer para a criança. Por essa razão, ela está constantemente buscando estimulação oral.
Por conta dos cuidados que possui nessa fase, o bebê também descobre nela os sentimentos de conforto e proteção.
Fase anal do desenvolvimento psicossexual – 1 a 3 anos
A estimulação passa da boca para o ato de controlar necessidades fisiológicas na fase anal. No entanto, apesar de a fase ser chamada assim, o ato de controlar a micção também causa estimulação. Os sentimentos desenvolvidos são de independência, uma vez que a criança vai se tornando capaz de obter controle sobre aspectos corporais que não tinham antes.
Dessa forma, essa habilidade deve ser estimulada pelos pais, que precisam ter cuidado para não reprimir os erros. Assim, deve-se sempre focar nos acertos, nas vezes em que a criança se saiu bem. Essa é uma maneira positiva de reforçar a experiência.
Fase fálica do desenvolvimento psicossexual – 3 a 6 anos
Aqui as crianças começam a perceber as diferenças entre homem e mulher. Também é esta a fase em que se observa um outro aspecto da famosa teoria freudiana: o Complexo de Édipo.
De acordo com Freud, o menino começa a ter uma rivalidade com o pai nesta idade. assim, desejaria substituí-lo na relação com a mãe. Ao mesmo tempo, teme a punição no caso de o pai descobrir que ele está querendo substituí-lo.
No caso das meninas, Freud diz que há uma inveja do pênis, teoria tida como contraditória. Nessa fase, as meninas se sentiriam ressentidas por não terem um pênis. Assim sendo, sentiriam-se “castradas” e ansiosas por não terem nascido como um homem.
Fase de latência do desenvolvimento psicossexual – 6 anos até puberdade
O foco desse período não são as zonas erógenas, mas sim o desenvolvimento social, criação de laços e convivência em sociedade. Assim, há uma repressão na energia sexual, que continua a existir, porém deixa de ser um foco.
Nesse contexto, ficar preso nessa fase pode fazer com que o adulto não saiba se relacionar de forma satisfatória com outras pessoas.
Fase genital do desenvolvimento psicossexual – Da puberdade até o fim da vida
Antes, os interesses eram pessoais. A criança não sentia necessidade de se relacionar sexualmente com outros. Nessa fase, surge a vontade de querer se relacionar sexualmente com outras pessoas.
Assim, se o individuo passou por todas as fases de forma adequada, chegará na última sabendo ter equilíbrio em diversas áreas da vida.
O que significa dizer que uma pessoa está fixada em uma fase sexual?
Por vezes, em psicanálise costuma-se associar os problemas, transtornos ou dilemas das pessoas adultas a uma fase do desenvolvimento sexual infantil.
Por exemplo:
um adulto que fuma/bebe em excesso poderia estar fixado na fase oral, por ser uma fase do desenvolvimento em que a criança sente prazer na sucção;
um adulto muito controlador ou que tenha dificuldade em desapegar-se estaria fixado na fase anal, por ser uma fase em que a criança descobre que consegue reter as fezes e isso lhe possibilita prazer e descoberta do controle sobre o tempo e o seu corpo.
Pode ser que ocorra algum evento traumático ou uma sequência de fatos turbulentos em uma fase e isso “fixe” uma pessoa a essa fase. Porém, às vezes é complicado este apontamento, por serem memórias de uma idade que é de difícil recuperação (e de fácil “invenção”), ou por poder ser uma interpretação exagerada do analista.
Nada impede uma pessoa de demonstrar traços relacionados a mais de uma fase, por exemplo, uma pessoa pode ser fumante compulsiva e ser controladora ao mesmo tempo.
A forma de compreender a fixação é diferente de um psicanalista para outro. Faz parte o analista buscar este tipo de contraponto, mas, no nosso ver, o mais interessante seria partir dos incômodos e relatos do analisando e evitar dizer para o analisando algo do tipo “você está preso à fase oral do desenvolvimento”. Afinal, isso seria um rótulo um tanto pesado e possivelmente reducionista.
O analista pode trabalhar esses traços como sendo traços de personalidade e trabalhar isso com o analisando durante as sessões, sem necessariamente buscar um evento único ou uma série de eventos que se liguem a determinada fase.
Controvérsias
Se hoje falar de sexualidade na infância já assusta à tantas pessoas, imagina décadas atrás? Foi no final do século XIX que Freud divulgou seus estudos, contrapondo a visão da sociedade de que a criança é um ser “puro” e “inocente”, totalmente assexuadas.
Portanto, fica evidente que Freud causou grande espanto. Contudo, conseguiu abrir espaço para desenvolver esse campo de estudo nos anos seguintes. Por ser o primeiro, alguns pontos foram contestados por outros pesquisadores. No entanto, o desenvolvimento de uma teoria por seguidores não é nenhum surpresa. É um encaminhamento óbvio da ciência.
A inveja do pênis
O filósofo Foucault questionava as evidências nas quais outros filósofos se baseavam em suas teorias. Um desses questionamentos são aplicados a Freud. Assim, com base em que evidência ele poderia dizer que a inveja do pênis existe? Essa evidência seria real?
Esse filósofo questionava muito sobre a construção do saber e esse questionamento foi aplicado a Freud. Uma de suas perguntas a respeito tinha relação com a formulação da inveja do pênis. Não seria, na época, uma manutenção dos discursos de poder?
De acordo com o teórico, a verdade e o poder estão interligados. Assim, quem está no poder, detém a verdade e destrói evidências contrárias. Freud estava em um sistema social em que o poder era patriarcal. Visto que a maioria dos estudiosos, profissionais, pesquisadores e políticos eram homens, as evidências de Freud não eram o suficiente para convencer todos os seus seguidores e sucessores.
Conceitos de masculino e feminino
A semiótica é uma ciência que também nos faz questionar sobre a construção do que é masculino e feminino. A sociedade está se desenvolvendo há muitos anos, e, com ela, conceitos foram formulados do que significa masculinidade e feminilidade.
De acordo com Freud, em uma das fases o individuo começa a desenvolver sua identidade sexual, expressando traços de feminilidade ou masculinidade. Contudo, até que ponto isso é instintivo do ser humano? E até que ponto as crianças estão reproduzindo os significados que aprenderam sobre masculinidade e feminilidade?
Ao nascer, o sexo biológico já determina um conjunto de significados. A começar pela cor, que diferencia o gênero do bebê. As brincadeiras também são determinantes para ensinar esses conceitos. Por isso, muitos questionaram esse aspecto, já que não se pode dizer que essa expressão de masculinidade e feminilidade é algo natural e intrínseco. Existe interferência social.
Sexualidade humana
Muito se fala sobre esse tema e a preocupação dos pais com “conteúdos impróprios” para suas crianças. Porém, sexualidade é algo impossível de desvincular de nossa vida. A energia sexual, chamada de libido, é uma força motora para todos os seres humanos.
Ela está conectada com um instinto básico, que é o de reprodução e propagação da espécie. Assim como a fome que nos faz ter necessidade de comer, ou como o nosso estado de alerta em situação de perigo, a energia sexual está presente no nosso dia.
Através dela, decidimos o que vestir, como comer, nos motivamos a cuidar da aparência, nos comunicamos com outras pessoas e muito mais. Dessa forma, é preciso ter em mente que falar de energia sexual não é, necessariamente, falar do ato sexual ou até mesmo de atração sexual consciente.
Fixação
Segundo Freud, quando a criança passa por uma das fases e possui questões não resolvidas, ela desenvolve uma fixação. Assim sendo, pode acabar sofrendo por um problema de personalidade.
Na primeira fase, por exemplo, se a criança continua sendo amamentada quando deveria estar aprendendo a se tornar mais independente na segunda fase, alguns problemas podem decorrer. Nesse contexto, ela pode se tornar uma adulta dependente. Por outro lado, também pode desenvolver vícios relacionados a bebida, fumo e comida.
A fixação é algo que pode persistir na vida adulta. Assim, se não for resolvida, continuará “travada” em alguns aspectos. Um exemplo claro é o das mulheres, que muitas vezes têm relações sexuais sem conseguir atingir orgasmos.
Nesse contexto, fica claro que se crianças em geral são consideradas assexuadas, as meninas são mais ainda. Certos comportamentos aceitáveis para meninos são condenáveis em grau maior para meninas. Não é a toa que muitas se sentem tão reprimidas que são adultas com problemas de relacionamento. Trata-se de um problema social que atinge o psicológico e a vida íntima de milhares de mulheres.
A importância da educação sexual
Existem certas coisas que crianças não estão preparadas para saber. No entanto, de acordo com a Psicanálise, há também fases que devem ser respeitadas. Assim, as crianças deveriam aprender sobre o mundo conforme as fases em que estão.
Nesse contexto, vale lembrar que educação sexual ajuda a criança a formar uma personalidade saudável. Dessa forma, poderá lidar bem com seu próprio corpo e com as outras pessoas também. Assim, ensina que certos lugares precisam de limites e não podem ser tocados por estranhos. Agindo desta maneira, é possível estimular a criança a se desenvolver de forma saudável e até mesmo garantir que ela se livre de situações abusivas.
Vemos, portanto, que educar uma criança sexualmente não significa que ela aprendeu o que é sexo. Ao transitar de uma fase para a outra, ela, por conta própria, descobrirá o que é uma sensação boa ou não. Reprimir essa descoberta pode causar problemas de segurança e autoconfiança, por exemplo. Em casos graves, até mesmo transtornos mentais.
Assim sendo, é importante ressaltar a importância de que pais, professores e pessoas próximas à criança tenham noção do que está acontecendo com ela. Isso, no entanto, só pode ser feito a partir de uma profissionalização em Psicanálise.
Comments