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Joel Reis

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Medos na Infância e Adolescência

Atualizado: 14 de abr. de 2023


Medos na Infância e Adolescência – do normal ao patológico


Crianças sentem medo

sim!

Adultos sentem medo

sim!


 

Medo “normal”

 

O medo é uma das emoções básicas do ser humano. Pode ser real ou fruto da imaginação, e surge da possibilidade de dano físico, emocional ou psicológico. Embora seja considerado, muitas vezes, uma emoção “negativa”, o medo, na verdade, tem o papel de nos deixar seguros, pois nos impulsiona a enfrentar o perigo potencial.

Mas quando o assunto é o medo infantil, como os pais podem lidar com tais situações?

Por que algumas crianças, mesmo que não tenham sofrido traumas, demonstram medo com frequência?

Vamos refletir sobre isso agora e deixar algumas dicas para os pais agirem diante do medo infantil!

Como se manifesta o medo infantil?

Em primeiro lugar, é natural que as crianças sintam medo, pois é uma emoção que pode ajudá-las a serem cautelosas. Com o crescimento, os medos mudam e são reflexo das experiências inerentes ao desenvolvimento infantil e à adolescência. Veja alguns medos que costumam aparecer em cada faixa etária:

  • medo de rostos estranhos: entre 8 e 9 meses, os bebês podem se assustar com pessoas que eles não conhecem;

  • ansiedade de separação: entre 10 meses e 2 anos, é muito comum o medo de ficar longe dos pais. Isso pode aparecer quando os pais saem para o trabalho, quando vão dormir ou vão para a escola;

  • medo do imaginário: crianças de 4 a 6 anos criam situações ou personagens que não existem e podem sentir muito medo. Por exemplo, medo de monstros, de um fantasma sair do armário, de trovões etc.;

  • medo de coisas reais: surge a partir do 7 anos, quando as crianças têm medo do que ouvem falar, como bandidos entrando em casa, desastres naturais, da morte e até medo de provas;

  • Medos sociais: comum em pré-adolescentes e adolescentes. Normalmente os medos têm a ver com aceitação ou aprovação (aparência, novo grupo de amigos, nova escola, falar em público, passar por uma reprovação, jogar em um time).

Como os pais podem lidar com o medo infantil?

Para que as crianças aprendam a lidar com o medo infantil, muitas vezes precisam da ajuda dos pais. Então veja 4 dicas de atitudes a tomar!

1. Mostre à criança que ela está segura

O medo está diretamente ligado à insegurança. Então, quando uma crise de medo surgir, procure acalmar seus filhos e demonstrar que, apesar da sua presença ou ausência, estão a salvo. Por isso, converse com eles sobre suas ansiedades e explique que muitas crianças têm medos, mas com o seu apoio vão aprender a superá-los.

2. Sempre tenha abertura ao diálogo

Jamais ignore os medos da criança. Assim como você tem os seus e lida com eles à sua maneira, seus filhos têm os deles. A diferença é que eles ainda não adquiriram maturidade para encarar e superar o que os amedronta. Logo, deixe que se expressem e, com carinho e amorosidade, converse com o intuito de desmistificar a razão dos medos.

3. Não force a criança a fazer coisas que a deixam com medo

Existe a crença popular de que para superar o medo as crianças devem fazer aquilo que as amedronta. Porém, forçá-las a enfrentar o medo, sem oferecer uma compreensão dessa emoção, pode deixá-las com mais medo ainda e até criar crenças limitantes que se manifestaram no futuro. Então, respeite o tempo de conscientização dos seus filhos.

4. Estimule a positividade

Quando surgir uma crise de medo infantil, é preciso trazer afirmações positivas e mudar o foco de atenção da criança. Para isso, deixe-a desabafar sobre o que a aflige, mas não insista no sentimento que a amedronta. Fale coisas bonitas e traga alguma ação que a acalente. Por exemplo, você pode trazer um livro de que ela goste muito e, a partir da leitura, criar uma conversa de superação dos medos.

Como você viu, o medo infantil é mais uma etapa do desenvolvimento humano. Portanto, deve ser encarado com naturalidade, garantindo todo o suporte que a criança precisar. Então, sempre observe os comportamentos dos seus filhos, a fim de oferecer a melhor assistência.


 

Medo “patológico”

 

Existem medos que poderão traduzir a presença de patologia, sendo importante identificá-los. São caracterizados por:

  • Medo intenso

  • Preocupação e ansiedade persistentes (duração superior a 6 meses)

  • Medo invasivo (Exemplo: medo que interfere com a alimentação, o sono, as atividades diárias, o desenvolvimento psicológico e/ou funcional)

  • O objeto ou situação temidos são ativamente evitados ou enfrentados com grande angústia

  • Medo desproporcional ao risco real

  • Medo associado a temas bizarros (Exemplo: medo de cheirar mal, medo de engolir brinquedos)

  • Medo que não corresponde à idade cronológica

  • Medo que não cede a manobras de distração ou tranquilização

  • Medo que se associa a:

    • Trémulo, batimentos cardíacos acelerados, dificuldade respiratória, tonturas

    • Irritabilidade ou choro inconsolável

    • Comportamentos regressivos/imaturos (Exemplo: criança que volta a usar a chupeta depois de a ter deixado durante um longo período de tempo)

    • Grande suscetibilidade a críticas

    • Comportamentos obsessivos e/ou compulsivos (Exemplo: criança com necessidade de verificar, de forma repetitiva, se as portas ou janelas estão fechadas, sempre que entra numa divisão da casa)


É importante ter presente que quanto mais marcada a interferência do medo na vida da criança ou adolescente e o grau de ansiedade associado, mais provável será a sua duração ao longo do tempo, com possível repercussão na vida adulta.


 

Reforçamento e Conclusão


Para reforçar

Saber lidar com o medo

A abordagem do medo “patológico” tem como objetivo principal ajudar a criança a encontrar formas positivas para superá-lo. Passa pela tranquilização, firme e segura; pela educação e explicação acerca do medo; e por estratégias para o desconstruir, como sejam jogos que incluam o alvo do medo. A educação parental é fundamental e inclui as seguintes atitudes:

  • Valorizar adequadamente o medo e a reação da criança/adolescente;

  • Incentivar a formulação de soluções para enfrentar o objeto/situação temida (Exemplo: elaborar uma história engraçada sobre o monstro temido ou na qual a criança consegue superar o seu medo, mostrando-a como corajosa) ;

  • Não favorecer o evitamento excessivo, mas também não forçar para além da capacidade de adaptação;

  • Evitar atitudes intensificadoras do medo, como sejam, a indiferença, a superproteção, a ironia, a humilhação e as expectativas irrealistas;

  • Utilizar demonstrações concretas (Exemplo: mostrar a uma criança com medo de monstros ou fantasmas que não existe nada debaixo da cama, nem dentro do armário)

  • Esclarecimento de dúvidas (Exemplo: explicar que existem alguns barulhos que só são percebidos em ambientes silenciosos, como é o caso do som dos ponteiros do relógio e que isso é normal e não é preciso ter medo)

  • Introdução gradual do objeto/situação temida, com o apoio dos pais/cuidadores.


Quando procurar ajuda?



É aconselhável procurar ajuda médica, nas seguintes situações:

  • Dificuldade em adotar as estratégias propostas;

  • Persistência da situação (duração superior a 6 meses);

  • Presença de sintomas perturbadores das funções biológicas, como alimentação e/ou sono;

  • Presença de sintomas invasivos do quotidiano da criança;

  • Presença de sintomas causadores de sofrimento intenso.


Conclusão



Os medos são comuns e muitas vezes não têm significado maior. É fundamental uma abordagem integrada, entre pais/cuidadores e profissionais de saúde, adequada e atempada, que permita a resolução do medo, de modo a permitir um desenvolvimento saudável e feliz.



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